O que fazer para viabilizar um curta-metragem cujo foco é a vida de uma garota da alta classe, universitária e garota de programa de luxo? Aqueles que tiverem boas sugestões podem deixar depoimentos aqui neste blog. Eu, diretor de Garota de Programa.com.br, meu nono filme - sexto que eu também assino como roteirista e produtor - propus a toda a equipe que está comigo nesta jornada que esqueçamos os empresários maringaenses e passemos a rodar bolsinha em frente à Casas Pernambucas para levantar fundos para o projeto. Quem conseguir mais dinheiro ganhará mais destaque nos créditos do filme, sem contar que fará um excelente laboratório. Resumindo, para filmar um curta sobre garotas de programa, temos que nos prostituir, porque é só desta forma que poderemos conseguir os recursos necessários e parar de gastar do nosso próprio bolso. O blog está aberto para as opiniões de todos vocês que o lêem. Escrevam, critiquem, ultrapassem seus limites e apontemos quem ajuda e quem não ajuda quando o tema é "patrocínio".
Garota de Programa.com.br foi escrito há 2 anos. Ele não era exatamente como está agora. O filme que vou fazer é o terceiro tratamento do roteiro. Hoje eu considero o roteiro um dos melhores scripts que já escrevi, e estou trabalhando para produzir um filme digno deste roteiro, que não economiza críticas sociais em suas linhas. Novamente, assim como no curta anterior, Zeunifroseqia, este novo trabalho está saindo graças ao sistema de parceria. A produtora maringaense Luz! Câmera! Ação! junto com a Gato na Árvore Filmes estão determinadas a produzi-lo. Juntos na empreitada estão os co-produtores Marcius Kruli e Daniele Matos, cada qual viabilizando contatos que possam abraçar o projeto. Olha, dinheiro temos o mínimo possível para não morrermos de fome no set de filmagem, uma vez que iremos filmar uma média de 16 horas por dia, durante 4 dias. O mínimo está garantido, e esse mínimo, diga-se de passagem, não brotou de Maringá, veio de São Paulo. Ainda estamos atrás de apoiadores e patrocinadores que não permitam que uma equipe inteira de produção morra de fome durante as filmagens. Faltam só 7 dias.
E por falar em apoiadores, não tem como escrever e deixar de citar quem apóia e quem coloca obstáculos em Maringá para a realização de toda sorte de projetos culturais. Essa semana O Diário estampou na primeira página do Caderno D as dificuldades que a companhia teatral que encena A Paixão de Cristo na Catedral enfrenta para todos os anos erguer seu espetáculo. Esse ano eles precisaram de R$ 60 mil. Será que os empresários de Maringá se sensibilizaram com o trabalho destes artistas e colocaram a mão no bolso? Duvido.
Em Garota de Programa.com.br decidi que a atriz de Marechal Cândido Rondon, Waleska Nayane Müller, era a pessoa mais certa para o papel principal. Sem esperar cachê, Waleska ficará 5 dias em Maringá para filmarmos suas cenas. Até agora não conseguimos estadias nos hotéis para ela. O Hotel Deville nos negou tanto as estadias como o próprio hotel para filmarmos algumas cenas. Sabem por quê? Porque estamos fazendo um filme sobre garotas de programa e a falsa moralidade da sociedade não permite essa "ousadia" na cidade que se gaba da sua "qualidade de vida". O Hotel Elo também nos negou ambas as coisas. Nós vamos filmar no Hotel Bristol - porém não ganhamos as estadias - depois de um contato muito bem relacionado ter estado frente à frente com o dono do hotel, o Sr. Devanir Bras Palma. Só assim. Sem estadias para a atriz principal, para a diretora de fotografia Paula Dalazen e o ator curitibano Gustavo Saulle, estou hospedando eles na minha casa e na casa de amigos. Só assim para não desistirmos de tudo e mandar tudo à merda. Ah! Mas ainda há as passagens de ônibus - não de avião - para a Waleska, para a Paula e para o Gustavo. Até agora nenhum retorno, nenhuma manifestação de apoio da Expresso Nordeste, da Viação Garcia e da Kaiwoa. Três grandes empresas de transporte rodoviário que preferem trafegar com seus ônibus vazios a dar 6 passagens para nós produtores. Então eu peço a quem está lendo este blog agora: aquela vaia bem doída para o Hotel Elo, para o Hotel Deville, para a Expresso Nordeste, Viação Garcia e Kaiowa. Faltam 7 dias para essas empresas mudarem de ideia e pararem de só pensar no LUCRO. Dêem um pouco à sociedade que sustenta vossas empresas!
Mas não é só passagens e estadias que vive um curta-metragem. Um projeto como este precisa de locações. Maringá é uma cidade tão linda, com tanta "qualidade de vida", mas as pessoas que moram aqui ainda precisam romper certas limitações, que não vou comentar quais são, porque não quero ofender algumas pessoas. Para sair do papel, este curta precisa de cenas em uma faculdade. Pois bem. Eu fui atrás das faculdades. Primeiro, o Cesumar, depois a Unifamma, e em seguida a Faculdade Maringá. Disse a eles que se tratava de um projeto muito profissional - como são todos os meus projetos - e que iríamos abordar a vida de uma garota de programa. Adivinha o que aconteceu? Todas as três faculdades procuradas não autorizaram as filmagens em suas dependências. E olha que só precisamos de uma sala de aula e de um corredor. Não tem cena da fachada da faculdade, porque está claramente evidente que o medo de todas elas é associar seus nomes a um projeto que trata de prostituição. É claro, no Cesumar não há garotas de programa, não é mesmo? Nem na Unifamma, nem na Faculdade Maringá. Não há de maneira alguma.
Mais do que falar sobre a vida de uma burguesinha da alta sociedade que é garota de programa como lado B, meu curta discute a hipocresia da sociedade, a falsa moralidade estampada em cada um, a "felicidade de plástico" que todos acreditam ser real. Quem leu meu roteiro sabe que tudo isso está lá, impresso em cada linha, em cada cena, no diálogo de cada personagem. E quando vamos produzir um filme que trata de hipocrisia e falsa moralidade, o que é que encontramos, além da falta de patrocínio? A velha hipocrisia de sempre. A velha falsa moralidade de todos os dias. E isso é fato.
Na minha próxima postagem quero falar das empresas que estão nos apoiando, tirando os obstáculos do caminho. Quero falar dos atores, da história, da produção, das coisas boas que só quem produz cinema sabe. Aquele abraço.
Eu quase tive um treco quando terminei de ler sua postagem de hoje. Me senti aliviada como se as palavras tivessem sido minhas. Vc sabe que li uma das tratativas do seu CURTA e sei do que se trata. Como à algum tempo, não, na verdade quase nunca os empresarios entendem ou nem sabem do que se trata uma lei de incentivo...aff...revoltante....grrr....
ResponderExcluirSerá que sempre vai ser um "sufoco" pra fazer cultura nesse lugar??? Será que nunca alguém que se interesse pelo tema vai surgir??? Sei exatamente o que é, pois no teatro é a mesma coisa, tudo " patrocinado" por nós atores. É ou não é revoltante??? Vc disse tudo e mais um pouco sobre a hipocresia da nossa tão " santa" sociedade...Tão santa e hipocrita que pra muita gente cultura é Big Brother....ahhh tenha santa pasciencia.....
Bom é isso ai galera....o negócio é arregaçar as mangas e mãos à obra....Boa Sorte.
Não acho que esse seja o caminho Eliton.
ResponderExcluirBrigar e mostrar sua indignaçao com os empresários que não apoiaram o seu filme, além de não mudar em nada a situação, pode fechar portas para projetos futuros.
Como você mesmo disse, a temática do seu filme é realmente polêmica. E independentemente de querer ou não que a cultura da cidade se desenvolva, o compromisso de uma empresa com sua imagem é vital (como publicitario você entende isso). Nossa cidade é conservadora? Sim! Isso vai mudar? Com o tempo provavelmente... Mas acho que o melhor é unir-se aos que são apaixonados pela cultura e pela arte e fazer acontecer. Como você pediu vou deixar uma dica: tem um longa carioca chamado "Apenas o fim". Não vi mas acho que deve ser interessante. Em uma reunião com o Doug, fiquei sabendo que a grana para fazer o filme foi conseguida com uma rifa de um uísque. Genial não? Acho que foi uma ótima saída e o filme tá tendo uma repercussão tão legal que não faltarão patrocinadores para o próximo. Grande abraço, leio sempre seu blog.